TRANCENDENDO A ANSIEDADE
Anelise Daltoe Borges - CRP 12/01235
Abro a porta do consultório e chamo o próximo paciente. É uma menina de seis anos. Me
apresento e a convido a entrar na sala. A primeira sessão foi com seus pais na semana anterior. A menina está séria e não fala, percebo que esfrega as mãozinhas sem parar. Entramos na sala, sentamos e pergunto como ela está. Ela me olha e diz: estou muito ansiosa! Olho a entrevista inicial com os pais para ver a idade dela novamente e sim, confiro que ela tem seis anos apenas. Fico bastante pensativa.
Os sintomas ansiosos estão presentes cada vez mais cedo. Mal do século, dizem alguns. Constatamos como profissionais que esta é a realidade diária nos atendimentos. Lógico que entendemos que as crianças se apropriaram dos termos usados pelas pessoas que as rodeiam. Num tempo onde a competitividade, a preocupação com o futuro, emprego escasso e as relações doentias, as pessoas estão desesperadas, esgotadas e ansiosas. Como encontrar um tempo para si e priorizar saúde, lazer e bem-estar?
Na balança da vida, deveres e afazeres diários pesam muito mais e tomam quase todo o nosso tempo. Alguns dizem: Não consigo ficar sem fazer nada, tenho a sensação que estou perdendo algo e não realizando o necessário para prosperar. Essa fala é alarmante. Não nos damos mais o direito de parar, não fazer nada, relaxar e curtir o momento.
A ansiedade é positiva quando nos impulsiona a agir, realizar algo, planejar. Em excesso ela nos desequilibra e nos adoece. Preocupar-se com algo pode ser natural e necessário, mas nos levar a desiquilíbrio do sono, implicações emocionais ou físicas extremas é um sinal vermelho em busca de uma parada obrigatória. Em exaustão a vida vira uma luta diária com um gasto extremo de energia.
É necessária uma parada estratégica e recalcular a rota da vida! Sabemos hoje que uma pessoa com transtorno de ansiedade pode ter uma maior tendência a se tornar deprimido, segundo Robert L. Leahy em seu livro: Livre de Ansiedade, assim como uma maior tendência a uso de substancias como o álcool por exemplo.
Se você está com sintomas emocionais, físicos ou psicológicos que estejam lhe trazendo prejuízos nas relações pessoais, no trabalho e na sua qualidade de vida procure ajuda especializada.