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O BRINCAR E A INFÂNCIA

Edna Farias  - CRP-12/11477

A definição da palavra ou, da ação, “brincar”, após leituras e reflexões, parece simplesmente que poderia ser definida como a linguagem infantil, ou da criança. Apesar do credo popular de que a brincadeira não é coisa séria, as teorias e as profissões que lidam com a infância demonstram o quanto “o brincar” fala da representação psíquica da criança, ou simplesmente, da primeira fase do desenvolvimento humano, a infância.

O brincar, a brincadeira, é próprio de toda criança. É algo que sempre foi, desde os mais remotos relatos comportamentais do mundo infantil, e continua sendo, os primeiros manifestos desde o nascimento de um bebê. Ao refletirmos sobre o comportamento do desenvolvimento de uma criança, não conseguiríamos muitas visões se não a do brincar espontâneo, o ensaiar, criar, reinventar, praticar, em seus movimentos e expressões de um ser em constituição. Nesta fase, brincar é necessário para aprender. E isso é valido para todas as etapas da infância.

A cada etapa do desenvolver é como se o brincar de uma criança reconstruísse um filme de desenvolvimento humano. “Faz parte” do mundo infantil, e aparece como uma necessidade o criar ou recriar do brincar. As crianças ensaiam o adulto nas brincadeiras: de subir degraus, de jogar para ver a mamãe pegar, de faz de conta, de casinhadinha, de mamãe bebê, de medico, entre tantas outras.

Sim, se somos o que somos devido a um processo continuo do desenvolvimento, como poderíamos ter perdido, neste processo, o brincar?

Winnicott afirma que “o brincar de crianças aplica-se também aos adultos”. Esta afirmação nos leva a pensar do que se trata então “o brincar”? Para ele o brincar do adulto, aparece na maior parte, em termos de comunicação verbal. Assim o brincar dos adultos, deveria ser tão evidente quanto o brincar da criança. Nos adultos, apareceria nos manifestos das escolhas das palavras, nas inflexões da voz, no senso de humor. Winnicott diz também que “o brincar facilita o crescimento e, portanto, a saúde; o brincar conduz aos relacionamentos grupais; o brincar pode ser uma forma de comunicação” na psicoterapia, na escola, no consultório médico, com os coleguinhas, com o irmãozinho, com o pai ou a mãe.

Sendo assim, o brincar torna-se também uma forma de comunicação que primariamente se daria sem palavras e no decorrer do desenvolvimento se aprimoraria com a voz, forma mais elaborada, ou forma com a qual o adulto traria o manifesto de suas significações, antes dadas na infância por meio da brincadeira.

O brincar como meio de comunicação da criança, fala então de seu mundo, meio também pelo qual ela se utiliza na construção e organização de sua estruturação psíquica. O brincar concilia o mundo psíquico ainda insuficiente e em desenvolvimento, ao mundo real. Igualmente propicia a reformulação das experiências já experimentadas visando a construção do ideal adulto. Pois ainda se continuarmos a reflexão inicial, e pensarmos em que direção se faz o brincar das crianças, chegaríamos a conclusão de que a construção do brincar visa edificar o que para a criança é o mundo Ideal, ou seja, preparar para crescer, ser adulto, se constituir como sujeito.

Na cultura contemporânea as atividades programadas começam cada vez mais cedo. Até na escola onde se poderia “brincar” (aprender brincando) mais, tudo está cada vez mais planejado. Crianças muito pequenas já possuem agenda cheia. Ou, os pais que são os primeiros colegas de brincadeira para os pequeninos, é que estão com a agenda completa.  Como fica então essa primeira infância? Já se prevê horário nas agendas para brincar.  Brincar já virou coisa séria?

Muitas são as referências, e nas mais diversas áreas de trabalho com crianças, que acompanhadas de seus especialistas e confirmada pelas evidências de suas respectivas práxis, demonstram o quanto  o brincar diz deste lugar de ser ou estar criança. O quanto a brincadeira independe do tempo e lugar na edificação da infância e do quanto não seria possível constituir um sujeito sem “o brincar”.

O melhor remédio para um desenvolvimento e uma infância saudável se poderia recomendar então: o brincar?

 

 

 

ENTENDENDO A ADOLESCÊNCIA

Pubescência, puberdade, adolescência, como definir? O que acontece?

Edna Farias  - CRP-12/11477

Na questão do desenvolvimento inevitavelmente os processos vão acontecendo por partes, períodos; e dependendo de onde se olha para a questão, se a escola, o professor, os pais, os profissionais da saúde... Cada um vai conceituar a partir de seu lugar, do papel que exerce.

Alguns profissionais ou áreas vão distinguir as fases do desenvolvimento e subdividi-las. Outros dão menos ênfase e usam uma única denominação para cada período. Falando da adolescência, se dividirmos este conceito poderia-se entender por pubescência o período que precede a puberdade, marcado pelas características de mudanças físicas. É nesta fase que quando todos se dão conta já não há mais ali uma criança. As transformações chegam como uma explosão. Em todos os sentidos, físico e emocional. As transformações aparecem na altura, na dimensão do corpo, características sexuais, tanto físicas como emocionais. A puberdade, propriamente dita, seria então  o auge destas transformações; para a menina o aparecimento da primeira menstruação e para o menino a  ejaculação. A adolescência, neste processo  de subfases seria a passagem para a maturação e conquista social. Passagem delicada, mas também recheada de muita criatividade.

Vamos continuar falando do processo como um todo. O que realmente está envolvido nessa fase, e não é pouco, são todas as transformações que levam a criança a advir um adulto. Ou seja, período de passagem entre a dependência infantil à emancipação do jovem adulto - “Quanto mais responsabilidade eu tenho, mais me sinto grandona”, me coloca uma jovenzinha.

Muitos teóricos falam de crise da adolescência. O que na prática, por mais tênue que esta fase possa ser, em algum lugar as descargas de energia produzidas e necessárias nesse período definitivo do desenvolvimento e amadurecimento vão aparecer.

Na fase da adolescência a socialização se torna de extrema importância. Para deixar de ser criança é preciso se distanciar do “grupo familiar” e criar novos grupos. É então que o jovenzinho sai em busca de novas figuras identitárias fora da família. As questões de como se vestir, como falar, como se portar, com quem andar, que estilo de musica escutar, surgem como cruciais, vitais. Um deles me disse o outro dia – “parece que não sou mais o mesmo” – “Minhas roupas não se parecem mais comigo”. É como se estivesse preso dentro de um casulo, tentando romper as amarras da infância para criar asas, asas de adulto. E tudo isso não é sem grande esforço e muito trabalho, tanto físico quanto psíquico.

Nesta fase há uma grande contradição. Ao mesmo tempo em que se busca algo ou alguém  com que ou quem se identificar também não se quer ser igual, já que a busca é pela identidade de ser único. É nesta contradição em ser único e ao mesmo tempo encontrar seus semelhantes que os adolescentes acabam, por exemplo,  vestindo-se iguais, mesma marca de tal ou tal coisa, ou o mesmo estilo musical. Os grupos são variados, vão de tendências extremas e por vezes perigosas a grupos que irão contribuir com a superação e a maturação.

Falar da adolescência sem falar de emoção seria falar de um perfume sem descrever sua essência. Permeada por transformações, reorganizações subjetivas e ressignificações múltiplas, a busca pela maturidade perpassa desde as  transformações fisiológicas à maturação afetiva. Sair da infância e do vínculo parental e criar sua própria identidade demanda um trabalho que causa no mínimo certa angustia. É como abandonar a criança para ser “gente grande”. Momento  que nunca me foi descrito como uma fase fácil.

A todas estas adversidades o que se poderia dizer, então?

Saber esperar pode ser, por vez, o melhor remédio. Na prática a adolescência é mais uma etapa da vida que vai passar, basta dar tempo ao tempo. Na adolescência se faz necessário pensar sempre em diferenciar a pessoa de seus atos. A busca pela emancipação da criança, de onde sai cada adolescente, e a construção de sua individuação leva esse período (adolescência) a longos anos de prática para advir, então, o adulto. Por isso, agora a paciência e o tempo são a “alma do negócio”. O jovem adulto vai chegar, mas precisa de tempo, de construir experiências, e com certeza, orientação. É essencial escuta-los, dividir experiências, ponderar o real de cada tempo (época) e realidade, avaliar as consequências, permitir o erro e principalmente acreditar no poder de superação de cada um e deixa-los saber que acreditamos nisso igualmente. Afinal, ser adulto é prova de que houve uma adolescência maturativa.

 Nesta fase do desenvolvimento, ou da vida, a criança que já não é mais uma, necessita mais do que nunca sentir o amor da família. O que os pais faziam e fazem por amor e dedicação a eles já não lhes parece mais obvio. Reconhecer que são amados nem sempre lhes é claro e a sensação de não se sentirem amados lhes causa enorme sofrimento. Já basta ser um ser estranho a si próprio. É como se um programa interno se desorganizasse e não respondesse mais aos mesmos estímulos. Por isso é preciso verbalizar claramente que eles apesar de não serem mais a “criancinha querida” continuam a ser amados. E... Até tudo voltar a funcionar levara alguns anos, que são os anos da adolescência.

 

 

 

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